domingo, 24 de dezembro de 2017

O Natal não é Mágico!

O Natal não é mágico! Como às vezes fingimos acreditar. Antes pelo contrário, é bem real (e por vezes, até bastante duro).

Acima de tudo, é uma oportunidade de (re)encontrarmos algumas das nossas verdades. Sentirmos o que nos dói, o que nos conforta, o que nos faz falta, o que temos...
Há quem se choque com o consumismo, há quem se consuma em vazios. Há quem dê aos outros para si-mesmo, há quem dê a si-mesmo para dar aos outros. Amores que serenam, ódios necessários... As contradições são Vida e a vida é bem real. Tal como o Natal.

O que vos desejo? Que neste Natal se dêem de presente a vocês mesmos . Hoje mais que ontem, amanhã mais que hoje, e passo a passo, ano a ano, se encontrem em Amor Próprio (e pelo Outro). E que este Natal, independentemente de ser dos que doem, dos que fazem sorrir, dos que fazem sonhar, ou dos que fazem chorar, que seja, sobretudo, um Natal de acolhimento e respeito pelo vosso sentir. E que assim, só assim, possa ser genuinamente o vosso Natal. 

E o encontro com o que é nosso... é Mágico! ;)

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Estamos "Trumpados"

A definição mais comum da palavra "política" remete para a "habilidade, prática ou ciência de governar uma nação". Este conceito assenta no pressuposto de que existem assuntos que dizem respeito, interessam e afectam todos os cidadãos, embora possa ser aplicado (diria mais "usado") de formas muuuuuito diferentes (e tantas vezes questionáveis). Ainda que se possa organizar das mais diversas maneiras, regra geral, trata-se de um grupo (grande) de pessoas, representado e/ou liderado por um grupo mais pequeno de pessoas, que por sua vez, se faz representar ou segue um determinado indivíduo.
O topo da pirâmide, carrega em si, a responsabilidade do bem estar de uma nação e de toda a sua população, e idealmente, estaria ocupado por pessoas maduras, mentalmente sãs e com um bom nível de auto-conhecimento e desenvolvimento pessoal.  Na realidade, os cargos políticos são, ou deveriam ser, por definição, cargos de "serviço" ao outro. No entanto, não é fácil ter essa vocação. Para servir, é preciso ser-se inteiro e não se estar a compensar "fragilidades" do ego. É preciso não precisar do amor do outro, que é como quem diz, não precisar de ser admirado ou venerado. Só quem é dotado de grande sabedoria e compaixão, só quem consiga interessar-se verdadeiramente pela individualidade e aceitar a diferença, consegue estar à altura de cargos políticos.  
A questão é que, para além do altruísmo genuíno, da maturidade psicoafectiva, do desejo de fazer positivamente a diferença na vida das pessoas, a política (e em particular as funções de topo) torna-se particularmente atractiva para um tipo muito particular de personalidade. Na Perturbação Narcísica da Personalidade, o individuo sente necessidade de protagonismo e alimenta-se de ideias de grandeza. É verdade que muitas vezes procuram compensar sentimentos de insignificância e de inferioridade, mas o facto é que se "defendem" pela arrogância, e pautam-se por um implacável egocentrismo. Normalmente, existe acima de tudo uma incapacidade de ver o mundo por um ponto de vista diferente do seu, acreditando que só está bem feito o que é feito à sua maneira e de acordo com as suas crenças. As ilusões de superioridade e a necessidade de criar uma realidade em que se sinta especial e importante, levam estas pessoas a procurar funções que lhes proporcionem notoriedade social, reconhecimento e/ou fama. E infelizmente, nada melhor do que a política, certo?

É fazer-se ver, fazer-se ouvir, conseguir criar uma estranha forma de carisma, e assim,  conquistar votos. O problema é que a seguir às eleições vem mais, muito mais. Vimos nós todos. Os que sustentam a pirâmide. E quando quem "ganha" não tem em si o que realmente é preciso, então aí, estamos todos "trumpados"!

Originalmente publicado em "Notícias de Cá  de Lá" nº 45 de 10 de Dezembro de 2016.
Autora: Ana Guilhas