segunda-feira, 25 de maio de 2015

8 Razões para não Sermos Pais Sedutores

"Nos dias que correm, fala-se muito de comunicação positiva com a criança e do exercício de uma parentalidade com maior respeito pelos filhos e pelas suas necessidades. A forma como os pais exercem o seu papel está, desde há cerca de 50/60 anos, em profunda transformação. O que, com tudo de bom que possa ter (e tem!), traz consigo algumas armadilhas."

Leia o texto na íntegra aqui.
Texto originalmente publicado na Up To Lisbon Kids

7 razões porque é que é tão difícil mudar!

Para todas as pessoas, e pais em particular, que estão a tentar mudar, deixo-vos aqui este texto publicado originalmente no meu facebook. Pode lê-lo também aqui.
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Porquê que reclamamos muito e mudamos pouco? Já pensou sobre isso? Porque é que às vezes temos este sentimento de desejo de mudança e logo de seguida reprimimo-lo com desculpas, razões e tudo o mais que nos ajude a justificar que continuemos “presos” a situações que não nos fazem bem, ou por vezes até, nos fazem mal. Muitos dos padrões que repetimos nas nossas vidas, são adquiridos nas relações precoces, com os nossos pais, outras vamos desenvolvendo ao longo da nossa vida, construindo fragilidades sobre fragilidades. De repente, percebemos que estamos presos. E acreditamos que já não conseguimos sair.

Porque é difícil mudar?
1.    Temos medo do desconhecido, do que vem a seguir. Mais ainda, medo de não se seguir nada e ficar um vazio. É, fundamentalmente, um problema de imaginação. Porque só conseguimos imaginar a partir do que já vivemos ou já existiu e não conseguimos visualizar algo novo e diferente dos nossos “velhos” padrões.
2.    Aceitar o novo, implica desistir do velho. E a verdade é que o velho, para nós, é também o seguro. Ainda que desagradável ou desconfortável, é seguro. Para algumas pessoas, isso é precioso. O que vem a seguir à decisão de mudança, é uma infinidade de possibilidades. Isso é o melhor do “novo”. É que é uma possibilidade de nos (re)conhecermos e nos (re)construirmos. Assim tenhamos nós a coragem para o fazer.
3.    Achamos que é mais fácil pôr uma coisa antiga a funcionar, do que aprender a “manejar” uma nova. A questão é que se fosse fácil, já estaria a funcionar. Se não dá sinais de melhorar, então talvez tenha chegado a hora de aceitar que é assim que vai continuar a estar - "avariado". Ter medo de não conseguir funcionar com o novo, é como deixar de provar alimentos, que nunca comemos antes, porque não sabemos se os vamos digerir bem.
4.    Por uma espécie de teimosia ou ingenuidade - “Estou há tantos anos a tentar mudar isto (sem sucesso), não vai ser agora que vou desistir”. No entanto, diz um ditado chinês que “insanidade, é repetir várias vezes a mesma coisa e esperar um resultado diferente”.
5.    Achamos que vamos ficar em défice ou perda. Porque não vamos receber daquela situação o que esperávamos receber. Para seguir em frente, é necessário aceitar que já não vamos retirar dali o que idealizámos. E como é difícil aceitar isso! Sentimos que saímos “de cena” com saldo negativo. Isto acontece porque estamos focados no que efectivamente não recebemos. A verdade é que tudo o que de bom e de mau foi vivido, não desaparece. Foi real e gerou sentimentos, emoções e aprendizagens. Estas, vêm connosco, assim como todas as memórias. Neste ponto de vista, estamos,“contas feitas”, sempre a ganhar.
6.    Ficar indefinidamente numa situação, ou num padrão que nos faz mal, é muitas vezes também, ter medo do sucesso. Ou porque achamos que não o merecemos, ou porque achamos que ter sucesso é “demasiada areia para o nosso camião”. Aqui, só uma boa dose de auto-conhecimento e de amor-próprio, podem ajudar.

7.    Porque achamos que somos mais fracos e impotentes, do que o que verdadeiramente somos. E quanto menos nos permitimos colocar-nos à prova, mais cresce este sentimento de incapacidade. Muitas vezes, só quando a própria vida decide lançar-nos um desafio é que descobrimos que afinal até somos capazes de mais. Muito mais!

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Birras com Gritos Muito Intensos - como lidar com isso.

Antes de mais, é importante dizer que os gritos são uma manifestação frequente das birras. O grito, é na realidade uma manifestação da própria vida em si, de força, de intensidade, vitalidade e desejo de viver e ser livre. A verdade é que é para nós adultos, já "socializados" e obrigados desde cedo a controlar os nossos impulsos e manifestação emocionais, muito difícil gerir e acolher os gritos dos nossos filhos. Olhamos para os gritos como algo que incomoda, que perturba os outros e a nós mesmos. Algo intenso, que deve ser controlado desde logo. Na verdade, é uma questão cultural também. Noutros contextos culturais, os gritos fazem parte de rituais e festas. E, enquanto que por cá choramos baixinho, noutros países, um funeral sem gritos de dor bem audíveis, não é um funeral digno.

Ainda assim, não quer dizer que não possamos debruçar-nos sobre o assunto e tentar perceber se, efectivamente, é possível ou desejável fazer alguma coisa. Antes de mais, é importante começar pela prevenção (ler algumas estratégias aqui). Isso vai permitir diminuir a frequência das birras e, eventualmente,  reduzir a sua intensidade (esta última não é garantida). Em segundo lugar, é preciso entender a razão pela qual o seu filho escolhe especificamente os gritos intensos como "ponto forte" das suas birras. Podemos pôr algumas hipóteses: 

É uma questão de temperamento da própria criança e está enquadrado nesta etapa das birras de forma natural.
É resultado da forma de comunicação que tem em casa. Se estiver rodeado de uma comunicação muito agressiva e com muitos gritos, a criança exterioriza depois toda essa tensão gritando ela também. 
- É resultado da vivência das emoções na estrutura familiar. Por exemplo, pais que carregam emoções negativas e que as retraem no seu dia-a-dia, podem ver a criança manifestá-las no seu lugar (de forma mais descontrolada porque são demasiado pesadas para ela). Raiva, frustração e/ou depressões latentes nos pais, podem ser alguns exemplos. 
- A criança grita porque resulta. Isto quer dizer que os pais, de alguma forma ou cedem ao pedido (mesmo que seja muito raramente) ou ficam focados na criança (o que é um ganho secundário da birra). Sendo assim, mesmo que o processo ocorra de forma inconsciente na criança, ela tende a usar as estratégias que são, ainda que sem querer, reforçadas pelos pais.
- Os gritos tocam numa sensibilidade natural dos pais. Estes, reagem intensa e emocionalmente, fixando, ainda que sem querer, a criança naquele comportamento. Neste caso, quer dizer que a criança encontrou algo a que os pais ou um dos pais é particularmente sensível. Este processo é inconsciente para ambos. Por um lado, a criança sente que a mãe/pai reagem de forma diferente quando surgem os gritos. E da parte dos pais, a reacção é mais intensa precisamente por ter essa sensibilidade. A causa dessa sensibilidade normalmente pertence ao passado dos pais. O segredo está em perceber porque é que é tão difícil para os pais ouvir os gritos do seu filho. O que é que isso lhes recorda? Em quê que isso mexe com os adultos? Quando eram pequenos gritavam? Como reagiriam os seus próprios pais se gritasse daquela maneira? Tinham liberdade para expressar livre e intensamente a zanga e a frustração? Estes impulsos eram imediatamente reprimidos?

Há que referir que estas são algumas hipóteses, existem outras e servem apenas para que os pais possam acima de tudo perceber o que é que está em jogo naqueles momentos. Quando as causas são externas, então devem ser trabalhadas e mudadas de forma a libertar a criança de algo que não é dela. Aí passará a viver as birras de forma mais livre e dentro daquilo que lhe é natural (sim... as birras não desaparecem magicamente). Se a razão por detrás dos gritos for o temperamento da criança, e a forma como esta exterioriza a frustração, a zanga e/ou tristeza, então aí, a sugestão será ajudá-la a transformar essa forma de reagir, noutra mais "evoluída" e que a família possa aceitar melhor. 

As estratégias:
1. Aceitar a criança tal como ela é e entender que naquele momento, está a lidar com emoções que ainda não consegue gerir e que a deixam desestabilizada e/ou até descontrolada. Ou seja, evite gritar, insultar, ameaçar, castigar. 
2. Acolher a energia que ela está a libertar através dos gritos, choro, etc. Para isso é importante perceber o que é que aquele momento representa para nós também. 
3. Seja o que for que tenha decidido, proibido, negado à criança e que tenha desencadeado a situação, mantenha-se firme e não ceda. Não é isso que a criança precisa de si. Precisa sim de perceber que os pais podem ser firmes mas sem ficarem eles mesmos desestabilizados e agressivos. 
4. Diga-lhe que com gritos e choro não consegue entender o que ela está a dizer e que, por isso, vai esperar que ela se acalme para poderem conversar. Diga isto de forma firme mas calma e depois evite continuar a falar (isso alimenta a continuidade e intensidade do momento).
5. Fique por perto, mesmo que decida levá-lo para o quarto por exemplo, fique com ele. Mas não interaja com a criança até que esteja mais calma. 
6. Depois da criança estar calma, aí sim poderá conversar. Diga-lhe o que sentiu, e dê-lhe espaço para fazer o mesmo. Explique que quando está no momento da "birra" não consegue ajudá-lo e só pode esperar que se acalme. Que a birra não serve para que mude de ideias, mas que entende que seja a forma que tem de mostrar que está zangado. Diga-lhe que no entanto, existem outras maneiras de mostrar que se está zangado que podem ser melhores para todos.
7. No momento em que já é possível conversar com a criança, pode ser necessário dizer-lhe que a birra vai ter consequências. Estas devem ser lógicas e associadas ao acontecimento. Por exemplo, se a birra acontece de manhã porque a criança não quer desligar a televisão para ir para a escola, então pode fazer sentido que na manhã seguinte não haja televisão. Para que continue a haver, é importante que a criança faça a sua parte de a desligar na hora combinada. 

Desta forma, os pais vão ajudar a que a criança, gradualmente, encontre outras formas de se manifestar. Ao mesmo tempo, é importante entender que naquele momento ela ainda tem muita dificuldade em lidar com determinadas emoções e principalmente com a frustração. Mas se os pais não cederem, vai aprender que as consegue gerir cada vez melhor. Para isso, é também importante que os pais valorizarem os momentos em que os filhos conseguem acalmar-se e/ou sempre que estes usarem outras formas de agir.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Os 3 Grandes Erros da Escola

"Sou mãe de uma menina de quase 3 anos, que ainda só frequenta a creche. No entanto, hoje a minha preocupação com o sistema escolar ultrapassa já a dimensão profissional, sendo também uma preocupação de mãe. Porquê tão “cedo”? Primeiro, porque sei que uma estrutura como o sistema escolar, leva tempo a mudar. Segundo, porque a escola dos dias de hoje espelha a forma como as sociedades olham para as suas crianças, para o seu presente e para o seu futuro."
Leia o texto na integra aqui

Texto originalmente publicado na Up To Lisbon Kids